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Levantamento aponta que população come menos frutas e verduras e mais alimentos calóricos; situação piora entre os mais ricos.

O brasileiro está comendo mal em casa. As frutas e verduras, que deveriam corresponder a uma proporção entre 9% e 12% das calorias diárias ingeridas, representam 2,8%. Já os alimentos essencialmente calóricos (óleos e gorduras vegetais, gordura animal, açúcar de mesa e refrigerantes), atingem 28% da caloria consumida.

Entre os 20% mais ricos, o consumo desses alimentos ultrapassa a proporção recomendada por nutricionistas, de 30% - essa porcentagem alcança 31,8%. Os dados fazem parte do levantamento Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de alimentos no Brasil, feito com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009.

Para chegar a essas informações, os pesquisadores avaliaram apenas os alimentos disponíveis nas residências. E ressalvam que, comparando-se com a POF anterior, de 2002/2003, a despesa com alimentação fora de casa saltou de 24,1% para 31,1% - crescimento de sete pontos porcentuais.

Entre uma pesquisa e outra, a disponibilidade média per capita de alimentos passou de 1.791 calorias ao dia para 1.611, mas a diferença pode ser atribuída à troca de alimentos consumidos fora do domicílio.

Segundo o trabalho, o brasileiro diminuiu drasticamente a compra de itens básicos, como arroz, feijão e açúcar, m sua alimentação. De 1975 para 2009, o arroz polido teve redução de 60% na quantidade anual per capita adquirida - de 31,6 quilos para 12,6 quilos, comparando-se as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Brasília.

A aquisição do feijão para consumo em casa caiu de 14,7 quilos anuais para 7,4 quilos (redução de 49%). Já o açúcar caiu de 15,8 quilos para 3,3 quilos (menos 79%). O refrigerante de guaraná subiu de 1,3 quilos anuais para 6 quilos.

Essa comparação é possível porque são levados em conta dados do Estudo Nacional de Despesa Familiar (1974/1975). Comparações com POFs mais recentes mostram que essa queda se acentuou mais recentemente. De 2002/2003 para 2008/2009, a aquisição anual de arroz polido caiu 40,5%, a de feijão, 26,4% e a aquisição do açúcar refinado, 48,3%.

Industrialização. Nesse mesmo período subiu o consumo de alimentos preparados e misturas industriais (o que não era computado na Endef). Hoje a média nacional está em 3,5 quilos anuais, alcançando 8,3 quilos entre os 20% mais ricos. Entre os 20% mais pobres, o consumo desse tipo de alimento corresponde a 2,1% da caloria consumido diariamente. Já entre os 20% mais ricos, as refeições prontas correspondem a 8,3% da caloria ingerida. Também aumentaram a aquisição de refrigerante de cola (39,3%), água mineral (27,5%) e cerveja (23,2%).

No carrinho do supermercado, o que ocupa o maior espaço não são carnes, cereais, hortaliças ou frutas. Bebidas e infusões são os itens mais adquiridos - a média domiciliar per capita é de 50,7 quilos, seguido por laticínios (43,7 quilos). Só então entram os cereais e leguminosas (39 quilos), frutas (28,9 quilos), hortaliças (27,1 quilos) e carnes (25,4 quilos).

A média da aquisição na área urbana é maior do que na rural para bebidas e infusões (55,2 quilos ante 28,9 quilos) e frutas (30,3 quilos ante 21,9 quilos). Mas a situação se inverte no grupo de cereais e leguminosas (62,5 quilos na região rural ante 34,1 quilos na região urbana), e carnes (29,6 quilos ante 24,6 quilos). A forma de aquisição é predominantemente monetária. Mas na região rural a forma não monetária (doação, produção própria, pesca) é maior na aquisição de laticínios e pescados.

Leite e derivados, frutas, verduras e legumes, gordura animal, bebidas alcoólicas e refeições prontas são mais consumidos pelas classes com maior rendimento. A diferença pode chegar a 799% no caso da bebida alcoólica (19,2 quilos contra 2,1 quilos).

Poder aquisitivo. O consumo de alimentos preparados é 514% maior entre os 20% mais ricos em comparação com os 20% mais pobres (8,4 quilos contra 1,4 quilo). O mesmo ocorre com bebidas não alcoólicas (401%), iogurtes (379%), frutas (316%), leite de vaca pasteurizado (246%). Apenas arroz e feijão foram mais adquiridos por aqueles com menor renda. Quem ganhava até R$ 830, adquiriu 27,6 quilos de arroz e 10,3 quilos de feijão. Os que têm renda acima de R$ 6.225 compraram 18,6 quilos e 7,3 quilos respectivamente.

O estudo do IBGE também constatou que a região Sul do País tem a despensa mais farta. A aquisição anual per capita de carnes (35,7 quilos), laticínios (67,4 quilos), bebidas e infusões (64,1 quilos), hortaliças (38,6 quilos), frutas (36,5 quilos) e alimentos preparados e misturas industriais (4,8 quilos) está acima das respectivas médias nacionais e de outras regiões.

Para os pesquisadores do IBGE, esta diferença pode ser explicada pelo hábito cultural, com aquisições mais frequentes e localização do domicílio próxima da área de trabalho - as pessoas vão em casa para almoçar.


Equipe de cirurgia

Dr. HENRIQUE MACAMBIRA CRM 4686
Dr. JAIME SALES CRM 3675
Dr. GLAUCIO NÓBREGA CRM 4049
Dr. PAULO MARCOS LOPES CRM 2511
Dr. RODRYGO NOGUEIRA CRM 12655
Dr. Rodrigo Sales CRM 12698

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