Por que operar?

Inicialmente é importante destacar que o tratamento do excesso de peso deve ser feito pelo endocrinologista, já que é menos invasivo e pode ter bom resultado se bem aceito pelo paciente. Nos casos com resultados inadequados, o endocrinologista poderá indicar a cirurgia. Essa etapa é obrigatória para seguir para a etapa da cirurgia.

As cirurgias para tratar a obesidade são realizadas desde 1950. Mas a indicação para realizar a cirurgia bariátrica ficou mais clara através de um estudo europeu, iniciado na da década de 90, que compara pessoas obesas com pessoas operadas ao longo dos anos.

Foi demonstrado que a obesidade aumenta o risco de morte e de surgimento de várias doenças, e que a cirurgia bariátrica diminui bastante esse risco5. Além desse estudo, o National Institutes of Health desde 1991, coloca a cirurgia como uma opção para tratar obesidade grave nos EUA * 6.

No Brasil, desde o 1999, o ministério da saúde passou a incluir a cirurgia bariátrica no rol de procedimentos cirúrgicos cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Esses fatos e vários outros contribuíram para o aumento do numero de cirurgias. Em 2011, uma pesquisa mostrou que haviam sido feitas 65.000 cirurgias bariátricas no Brasil e 340.768 no mundo * 7.

Outros motivos levaram ao crescimento do numero de cirurgias no mundo:

Primeiro, o modesto resultado do tratamento clínico, comprovado por vários estudos desde a década de 60 8. Vejamos alguns estudos mais recentes:

Em 2013, foi publicado um trabalho cientifico que acompanhou pessoas com sobrepeso e obesas por cerca de 10 anos que foram submetidas a mudança intensiva no estilo de vida, que compreendia suporte nutricional, psicológico e atividades físicas. O resultado foi uma perda média de somente 6% do peso * 9.

Um estudo publicado em 2014, revisou o tratamento com medicamentos e mostrou uma perda média de 6,5% após 1 ano * 10.

Em 2015, numa publicação na revista Lancet, um grupo de especialistas chama atenção para as adaptações fisiológicas que ocorrem quando a pessoa torna-se obesa. Ao fazer uma dieta que reduz a quantidade de alimento, o corpo reage reduzindo o gasto de energia ("metabolismo"). Alterações cerebrais devido ao consumo excessivo de alimentos saborosos, levam a necessidade cada vez maior de consumir esses alimentos, gerando um circulo vicioso que leva a obesidade. Uma vez que a obesidade está estabelecida, o corpo parece gravar o peso e defendê-lo, o que torna difícil o tratamento * 11.

Segundo, os bons resultados das cirurgias e riscos menores devido ao avanço tecnológico:

Os benefícios da cirurgia bariátrica vão muito além da perda de peso. Ocorre melhora ou resolução de 30 doenças associadas com a obesidade, como o diabetes tipo 2 , que pode ser melhorado ou resolvido em cerca de 90% dos pacientes(ABESO). O risco de morte por câncer reduz em 60%. Um estudo recente, mostra que as pessoas que foram operadas relatam melhora na saúde geral, saúde mental e na socialização. Além disso, 79% dos diabéticos ficaram livres de medicamentos, inclusive insulina * 12.

Os riscos da cirurgia vem diminuindo significativa. Um estudo realizado com pessoas diabéticas, mostrou que o risco de morte da cirurgia bariátrica caiu nas ultimas duas décadas e que é menor do que uma cirurgia de retirada da vesícula * 22.

Fontes:
6. Grundy, S. M., et al. "Gastrointestinal surgery for severe obesity." Annals of Internal Medicine 115.12 (1991): 956-961
7. Buchwald, Henry, and Danette M. Oien. "Metabolic/bariatric surgery worldwide 2011." Obesity surgery 23.4 (2013): 427-436
8. Harrison, MichaelT, and RonaldMcg Harden. "The long-term value of fasting in the treatment of obesity." The Lancet 288.7477 (1966): 1340-1342.
9. Look AHEAD Research Group. "Cardiovascular effects of intensive lifestyle intervention in type 2 diabetes." The New England journal of medicine 369.2 (2013): 145.
10. Yanovski, Susan Z., and Jack A. Yanovski. "Long-term drug treatment for obesity: a systematic and clinical review." Jama 311.1 (2014): 74-86.
11. Ochner, Christopher N., et al. "Treating obesity seriously: when recommendations for lifestyle change confront biological adaptations." The Lancet Diabetes & Endocrinology 3.4 (2015): 232-234.
12. Mingrone, Geltrude, et al. "Bariatric–metabolic surgery versus conventional medical treatment in obese patients with type 2 diabetes: 5 year follow-up of an open-label, single-centre, randomised controlled trial." The Lancet386.9997 (2015): 964-973.

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