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O fato de o pai abusar do consumo de alimentos gordurosos pode aumentar o risco de que suas filhas sejam concebidos com maior propensão para a diabete e a obesidade, diz estudo realizado na Austrália e publicado na edição desta semana da revista Nature.
Até agora sabia-se que os pais obesos ou diabéticos têm risco maior de transmitir esses problemas para os filhos, mas esta é a primeira vez que se encontra um indício científico que um fator não genético - a dieta paterna - pode desencadear processo diabético na descendência.
Cientistas da Universidade de Nova Gales do Sul submeteram ratos machos a uma dieta de alto conteúdo de gordura, o que causou problemas de obesidade e tolerância à glucose, que transmitiram aos descendentes do sexo feminino gerados com fêmeas normais.
Os cientistas encontraram, nos filhotes, anomalias nas células beta do pâncreas, encarregadas de produzir insulina, hormônio que controla o nível de açúcar no sangue.
Segundo Margaret Morris, que chefiou o estudo, o risco de desenvolver diabete pode ser similar no caso de filhotes machos, embora o estudo só tenha analisado fêmeas.
Em comentário que acompanha o artigo, o biólogo Michael Skinner, da Universidade de Washington, considera a descoberta surpreendente, já que normalmente alterações nas células comuns do corpo não afetam as células germinativas - no caso do macho, os espermatozoides - e, portanto, não teriam como passar para a geração seguinte.
Skinner especula que a dieta poderia ser um fator ambiental que afeta a expressão dos genes, e não o material genético em si, durante a formação dos espermatozoides.