Artigos

Pesquisadores espanhóis descobriram a relação da obesidade com o DNA mitocondrial, que é transmitido pela mãe. Isso permitirá novas tentativas de tratamento para a doença

A obesidade tem origem nos hábitos alimentares ou nos genes? Talvez nas duas coisas. Se o combate a esta doença por meio da alimentação já é um consenso entre os médicos, um grupo espanhol de cientistas descobriu que é possível atacá-la geneticamente. Segundo o periódico Obesity, o segredo pode estar no DNA das mitocôndrias, que são transmitidos para o bebê pela mãe.

As mitocôndrias são órgãos celulares responsáveis pela respiração celular, transformando glicose e oxigênio em energia. Elas possuem material genético próprio, também chamado de DNA mitocondrial. De acordo com Francesc Villarroya, do Centro de Investigação Biomédica de Obesidade e Nutrição e diretor do Instituro de Biomedicina da Universidade de Barcelona, elas podem ter grande influência sobre a obesidade. Levando-se em conta que a obesidade é o resultado de uma acumulação excessiva de gordura corporal produzida por um desequilíbrio energético, "as mutações dos genes mitocondriais podem contribuir para o desenvolvimento dessa condição, bem como influenciar muitos casos de diabetes e câncer", diz Villarroya ao jornal El País.

Essa descoberta tem uma vantagem: o DNA das mitocôndrias é mais facil de ser manipulado que o do núcleo celular, não apenas em sua composição, mas também na quantidade. Já se sabe que os atletas, que se exercitam mais que outras pessoas, aumentam seu DNA mitocondrial porque precisam produzir mais energia. Os cientistas também trabalharam com outra pista: pessoas com HIV têm disfunções no metabolismo provocadas pela ingestão do coquetel de remédio, a lipodistrofia, que é uma acumulação irregular de gordura no corpo (desaparece do rosto e dos membros, mas se acumula no abdômen, por exemplo).

Ela acontece por ação do remédio sobre a toxidade das mitocôndrias. Outros fármacos, como alguns usados para tratar diabetes (glitazonas), atuam de maneira inversa, e diminuem o DNA mitocondrial.

A possibilidade de intervir farmacologicamente e com nutrientes, como algumas vitaminas, seria o mais próximo de uma terapia genética de combate à obesidade – o que não poderia acontecer se o intuito fosse tratar o DNA celular. Além disso, a relação entre uma maior propensão à obesidade com a herança mitocondrial explicaria um fato descoberto recentemente: é mais comum mães obesas terem filhos com a doença do que os pais "transmitirem" tal herança. Apesar dessa consideração de base genética, as mães ainda têm mais influência sobre a alimentação das crianças do que os pais.

Equipe de cirurgia

Dr. HENRIQUE MACAMBIRA CRM 4686
Dr. JAIME SALES CRM 3675
Dr. GLAUCIO NÓBREGA CRM 4049
Dr. PAULO MARCOS LOPES CRM 2511
Dr. RODRYGO NOGUEIRA CRM 12655
Dr. Rodrigo Sales CRM 12698

+ Mais detalhes