Artigos

O número crescente de casos de obesidade infantil no Brasil coloca a doença cada vez mais próxima de um quadro de epidemia. De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma de cada três crianças com idades entre 5 e 9 anos tem obesidade. Diante de uma doença complexa, em que vários fatores podem ser decisivos no desenvolvimento e manifestação dos sintomas, especialistas ressaltam a importância de um acompanhamento psicológico na hora de afrontá-la.

Isso porque já é conhecida a influência dos aspectos psicossociais num quadro de obesidade. Há, inclusive, estudos recentes que tentam compreender a psicodinâmica das crianças com diagnóstico clínico da doença. Mestre em psicologia clínica, Ana Rosa Gliber tratou a temática sob enfoque kleiniano, entrevistando seis crianças entre 6 e 10 anos e suas respectivas mães. Em linhas gerais, todas elas apresentaram voracidade e agressividade reprimida.

Foram observados sintomas de depressão na maioria da mostra analisada, assim como a ocorrência de mecanismos defensivos para lidar com a perda e situações de sofrimento. Além disso, a história de vida dessas crianças, o ambiente interno e externo, os comportamentos aprendidos e o desenvolvimento emocional interferiram no desenvolvimento da obesidade. Daí advém a importância da intervenção terapêutica, com o fim de ajudar as crianças na integração e na hora de lidar com a culpa de uma forma mais efetiva.

A favor do acompanhamento psicológico como uma das bases do tratamento da obesidade, o psiquiatra Marco Antônio Abub Torquato Júnior, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), destaca a importância de a reeducação alimentar como um processo que não compreende somente a criança, mas toda a família.

“A medicina ainda está entendendo como se somam os fatores para causar a obesidade. Porém, a gente sabe que a obesidade pode ser influenciada, sim, por muitos fatores psicossociais. Tem que modificar os hábitos de vida de toda a família. Então, a primeira atitude a fazer diante de uma criança com obesidade mórbida é promover uma grande reestruturação da vida familiar. Em alguns casos se usa medicamentos para controlar o apetite, mas na realidade a base do tratamento é a reeducação alimentar”, explicou o especialista em entrevista à Agência Brasil, no último dia 3, Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil.

No Brasil, da década de 80 até 2010, o número de crianças entre 5 e 9 anos que sofrem de obesidade quadriplicou. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estima, no mundo, quase 43 milhões de crianças com sintomas de sobrepeso em idades inferiores a 5 anos.

Riscos e impactos

Diabetes, dificuldades respiratórias e problemas ortopédicos, tais como lesões nos joelhos por excesso de peso, estão entre as resultantes que a obesidade pode deixar na saúde de uma criança. Tão graves quanto seriam os prejuízos de ordem psicológica: provocações de colegas na escola, bullying, baixa autoestima, depressão, ansiedade e isolamento social.

“Em geral, as crianças mais jovens expressam menos o sofrimento psíquico. Elas não falam que estão sofrendo, que estão tristes. Normalmente expressam por meio do comportamento. Perdem o interesse por coisas que gostavam antes. Muitos medos que ela não tinha mais começam a voltar”, ressaltou o psiquiatra Marco Antônio Abub, lembrando que os problemas psicológicos nas crianças podem estar associados tanto às causas da obesidade infantil como também ser uma consequência da doença.

Autor: br.MundoPsicologos.com

Equipe de cirurgia

Dr. HENRIQUE MACAMBIRA CRM 4686
Dr. JAIME SALES CRM 3675
Dr. GLAUCIO NÓBREGA CRM 4049
Dr. PAULO MARCOS LOPES CRM 2511
Dr. RODRYGO NOGUEIRA CRM 12655
Dr. Rodrigo Sales CRM 12698

+ Mais detalhes